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O Triângulo das Cuecas: Contas Feitas...

Monday, January 23, 2006

Contas Feitas...


Bem, e já temos Presidente da República!
Ao fim de vários meses de pré-campanha que mais parecia a pré-primária e de uma campanha que nada teve de limpa, lá foi o país a votos decidir de sua justiça. E decidiu. Bem ou mal ainda está para se ver, mas o certo é que Aníbal Cavaco Silva será o nosso próximo representante.
E pode-se dizer que, depois de todos os ataques sofridos ao longo desta campanha, só faz é bem em aceitar o cargo e mostrar agora a todos os que o atacaram o quão errados estavam. Senão vejamos: Cavaco foi atacado por não se vestir bem, por ter um semblante muito austero, por não ter maneiras refinadas à mesa, pela sua formação em Economia, por tudo o que aconteceu durante os seus mandatos como Primeiro Ministro, pela esposa que não é nenhuma jóia de beleza (e olharem para a cara da Maria José Ritta não?), pelas suas origens humildes... bem, nem dá para cotar todos os ataques feitos ao que será o nosso PR.
Eu pensava, até ao início desta campanha, que se elegiam as pessoas pelas suas competências e pelos benefícios que poderiam trazer ao país, não pela cara ou maneiras que têm ou pelas suas origens ou pela pessoa com quem casaram. Mas aparentemente tudo isso também serve numa campanha eleitoral. Todos os argumentos foram usados contra Cavaco, especialmente por Louçã que conseguiu dar uma cara ao termo "jogar sujo". Cavaco expôs as suas ideias, não se afastou daquilo que poderá fazer enquanto PR e não prometeu nada que não possa cumprir. Teve uma candidatura limpa e, dizem muitos, "silenciosa". Tendo em conta as perguntas colocadas nos debates (algumas bem estúpidas por sinal), o silêncio só surgiu nas horas oportunas, pois tudo o demais que devia ser dito foi pronunciado para toda a gente ouvir.
Uma outra candidatura "limpinha e sem caroço" foi a de Manuel Alegre. Sozinho, sem apoio de partido algum, injuriado pelo dirigente do partido em que se encontra filiado por mais de uma vez, não atacou ninguém, não falou mal de ninguém, expôs as suas ideias, as suas vontades e os seus projectos e conseguiu criar uma máquina política que muitos com apoios não foram capazes de montar. Foi a surpresa das eleições e mostrou que é possível romper os pré-estabelecimentos políticos que há muito se julgavam cimentados de pedra e cal neste país. Há espaço para novas ideias, e foi ele quem o mostrou. Com a cara e a coragem, enfrentou um país e um panorama político que inicialmente não dava nada por ele, e deu um valentíssimo troca-queixos no senhor Sócrates, que mostrou que além de mau feitio tem também mau perder. A ver agora quais serão os desenvolvimentos da novela "PS com dor de cotovelo".
O Avô Soares, esse é que se viu mal. Entrou numa candidatura que muitos davam como ganha à partida e acabou em terceiro lugar na corrida, sendo ultrapassado por um independente com muita garra. Temos pena (ou então não), mas a verdade é que apesar da resistência física demonstrada durante a campanha, que prova que o senhor "ainda cá está para as curvas", as suas ideias não convenceram, a sua idade muito menos, e algumas das entrevistas por ele dadas à comunicação social só contribuíram para cavar ainda mais uma derrota que poderia ser evitada à partida e que foi um lindo golpe no partido das rosas.
De Louçã e Jerónimo nem vale a pena falar, já que jogaram sujo como tuo e acabaram mal, o que prova que o povo pode ser muita coisa mas ainda não é parvo de um todo. Nenhum dos dois tinha projectos viáveis, nenhum dos dois sabia o que diabos fazer, e só apelavam a votos para empatar o Cavaco, o que não lhes serviu de absolutamente nada. Bem feito.
Contas feitas, será caso de dizer que, mal por mal, agora temos é de esperar para ver.

P.S: faltou falar de um senhor: Garcia Pereira. Se alguém ouviu falar da candidatura dele que me avise, porque eu não soube de nada...

1 Comments:

At 3:36 PM, Blogger Pedro F. Guerreiro said...

Permite-me discordar de (quase) tudo o que aqui publicaste. Cavaco foi, essencialmente, criticado pelas suas fracas apetências para a função a que se propôs. O cargo de P.R. é um cargo fulcral, em que se exige um diplomata, uma personalidade que se imponha, pelo discurso, pelas ideias, por uma visão global de Portugal, da Europa e do Mundo. Cavaco é um bom economista, não será brilhante, dizem-no os leigos, mas um bom economista. Enquanto Primeiro Ministro fez um bom trabalho, porque aí pode demonstrar as suas competências, numa área que exige proximidade com a economia. Como P.R., com muita pena minha, temo que não passe de medíocre.
Alegre teve uma boa candidatura, livre, independente e despretensiosa. Sem mácula?? Não direi.
Francisco Louçã jogou sujo?? Louçã teve uma conduta bastante responsável, sincera... e permite-me dizer: "olhos nos olhos".
Não votei no Louçã, no entanto te digo: Vê as coisas como deve ser. Cuidado com o Nevoeiro...
aii o facciosismo...

 

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