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O Triângulo das Cuecas: Abortos, taras, manias e outras bizarrias

Thursday, February 08, 2007

Abortos, taras, manias e outras bizarrias

Com toda a polémica que tem havido acerca do tema Aborto, seria no mínimo estranho que o Triângulo não se pronunciasse.
Ora por aqui vota-se NIM.
Passo a explicar.
Nenhum dos argumentos de qualquer dos lados me convenceu, já que o Não defende a existência de duas vidas que devem ser protegidas (é verdade), mas não mostra qualquer tipo de planos de actividades que venham a proteger essas mesmas duas vidas, limita-se a dizer que não.
O Sim diz que sim, que o julgamento de mulheres por abortos é vergonhoso (e é), e que a mulher deve decidir o que fazer com o próprio corpo.
Ora, vamos cá a ver uma coisa: a partir do momento em que existe outro ser vivo (e isso até um embrião é, é inquestionável), a mulher não está só a decidir o que fazer com o próprio corpo, está a decidir o que fazer com a sua vida e outra que não tem como se defender. No entando, há várias situações em que seria manifestamente melhor que uma criança não viesse ao mundo.
O problema que aqui está é que ambas as posições são legítimas, mas ambas foram magistralmente mal defendidas.
Verdade seja dita, esta despenalização irá levar a uma liberalização, já que não é crime e poderá ser feito em qualquer lado. No entanto, as mulheres não são seres tão descerebrados como o Não apresenta, que irão fazer do aborto o novo método contraceptivo da moda.
O que a mim me quer parecer é que o nosso Governo, longe de querer investir em assuntos tão "fúteis" como são um serviço social decente, a criação de alternativas para jovens mães em dificuldades, educação sexual nas escolas, a diminuição do preço dos contraceptivos e um sistema de adopção mais simples, prefere entupir o serviço de saúde (já de si pouco congestionado, não haja dúvida!) com esta operação que lhes permitirá continuar a meter dinheiro ao bolso e a construir estádios.
Sou a favor da despenalização, mas também da criação de infraestruturas que permitam à mulher uma opção verdadeiramente justa para ela e para a vida que carrega consigo, opções que funcionem e que realmente vão ao encontro das necessidades das mulheres. E isto é algo que eu não estou a ver acontecer.
Porque até agora a campanha para este referendo, que devia ser apartidária, se tem revelado partidarista, mostrando muitas vezes a tacanhez mental dos defensores de cada uma das opiniões, que fincam o pé a dizer que só eles estão certos e não ouvem quaisquer outros argumentos.
Tenho visto e tomado conhecimento de muitas maneiras bizarras de fazer campanha, tais como folhetos com imagens chocantes, ameaças de padres de que "quem votar sim não deve voltar à igreja porque está excomungado em consciencia", cartas colocadas na mala de crianças, manifestações por ambas as opiniões, spots publicitários mais ou menos carismáticos, e campanhas tão puramente absurdas como "os meus pais são do partido Y por isso votam NÃO" ou "o partido X vota SIM por uma boa causa". No entanto, racionalidade ainda não vi em lado nenhum.
Dia 11 eu vou votar. Apelo a todos para que votem, cada um de acordo com a sua consciência, mas tenho muita pena do circo em que algo que deveria ser sério se transformou.

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